Informativo
LULA: ‘CUIDAR DOS POBRES É PENSAR COM O CORAÇÃO"
Consea celebra saída do país do mapa da fome e consolida papel na
formulação de políticas públicas integradas. Governo anuncia integração da
pauta à COP30.
Por Cezar Xavier
A reunião do Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (Consea), realizada nesta segunda-feira (5), no Palácio
do Planalto, marcou um momento histórico: a saída oficial do Brasil do mapa da
fome. O anúncio, baseado em relatório da FAO, foi celebrado por autoridades e
representantes da sociedade civil como uma conquista coletiva. O evento contou
com discursos do secretário geral do Consea, ministro Márcio Macedo, do discurso
da presidenta do Consea Elizabetta Recine, do ex-presidente do Consea Francisco
Menezes, e do ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate a Fome,
Wellington Dias.
Durante discurso no Consea, o presidente Lula
relembrou vivências pessoais com a fome, denunciou o descaso histórico do poder
público e pediu união entre governo e sociedade para erradicar a miséria no
Brasil.
“A fome tem que virar problema político”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um
discurso carregado de emoção e contundência política ao tratar da fome e da
desigualdade no Brasil. Diante de ministros, conselheiros e representantes da
FAO, Lula reforçou a urgência de transformar a indignação com a fome em ação
concreta, chamando a responsabilidade para o Estado e convocando a sociedade a
se mobilizar.
“Se não conseguimos transformar os problemas
sérios em problemas políticos, não envolvemos as pessoas”, declarou. “Fome,
para muitos, é só uma estatística sociológica. Quem nunca passou por isso, não
sente. Por isso, temos que politizar esse debate”, enfatizou o presidente.
“Cuidar dos pobres é pensar com o coração”
Ao longo de sua fala, Lula relembrou episódios
da própria infância e juventude marcados pela pobreza extrema. Relatou momentos
em que não tinha o que comer, quando dividia uma cozinha com outras 13 pessoas,
e contou como via com desejo o lanche dos colegas na fábrica onde trabalhou.
“Fome não dói. Fome te consome por dentro. E o
pior é que as pessoas têm vergonha de dizer que estão com fome”, desabafou. “Eu
só comi pão pela primeira vez aos sete anos. A gente não tinha onde comprar,
nem dinheiro pra isso”, disse, embargando a voz.
Para o presidente, combater a fome exige mais
do que verba — exige sentimento. “Não é cuidar da cabeça, é cuidar do coração.
É preciso ter sentido isso, ter vivido ou conhecido alguém que passou por
isso.”
O papel do Estado e a responsabilidade
histórica
Lula criticou duramente a cultura política
dominante, que historicamente coloca o pagamento de juros acima do combate à
fome. “O primeiro compromisso deste país sempre foi economizar para pagar os
juros. A fome nunca foi prioridade”, afirmou. “Se alguém passa fome num país, o
presidente tinha que ser decapitado. Isso não é admissível”, disse ele,
causando risos
O presidente também condenou os gastos globais
com armamentos. “O mundo gastou 2,7 trilhões de dólares com armas no ano
passado. Isso acabaria com a fome de 760 milhões de pessoas.”
Segundo ele, o problema da fome não se resolve
com caridade ou sobras: “Já ouvimos que tem comida sobrando nas fazendas, nas
feiras. Mas isso não basta. Sem política pública, a fome volta.”
Um chamado à mobilização nacional
Lula destacou que os avanços sociais
conquistados pelo país são frutos da união entre governo e movimentos sociais.
“Se não fosse cada vereador, cada sindicalista, cada agente comunitário, não
teríamos feito nem 10% do que fizemos”, reconheceu.
O presidente defendeu que a luta contra a fome
seja ampliada para os municípios e reforçada com busca ativa. “É como uma mina
de ouro. Quando você começa a cavar, encontra mais. Agora precisamos cavar com
os prefeitos, com as lideranças, com todo mundo. Precisamos encontrar quem
ainda não foi encontrado.”
“É possível. E é por isso que sigo em frente”
Encerrando o discurso, Lula falou sobre
esperança, paixão pelo Brasil e o desejo de continuar transformando a realidade
do povo.
“Eu quero viver 120 anos, mas se eu morresse
hoje, eu estaria feliz. Porque estamos dando um exemplo ao mundo: é possível
combater a fome. E isso não é por causa do governo. É por causa de vocês.”
O presidente concluiu com um apelo direto
àqueles que compartilham da causa: “O Brasil pode fazer muito mais. E nós
também podemos. Porque cuidar dos pobres, defender os negros, é só possível se
for com o coração.”
Uma conquista a ser sustentada
Elisabetta Recine, presidenta do Consea,
destacou que o feito “não é de um governo, nem de uma instituição apenas, mas
de todos”. Segundo ela, a mobilização envolveu desde agricultores e cozinhas comunitárias
até centros de saúde e gestores públicos. “Todos nós fizemos isso. Conseguimos
sair novamente do mapa da fome, e essa é uma conquista que precisa ser
celebrada e, mais do que isso, sustentada”, afirmou.
A presidenta lembrou que o país já havia saído
do mapa da fome em 2014, mas voltou entre 2018 e 2022. “Foram políticas
públicas articuladas, com foco nas populações vulneráveis, que permitiram essa
nova conquista. E isso nos mostra que, mesmo diante de retrocessos, o Brasil
não desaprendeu como combater a fome”, disse.
Um Brasil que aprende com sua história
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência
da República, Márcio Macedo, exaltou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na condução da política de combate à fome. “Hoje é um dia de comemoração.
É um feito construído a muitas mãos, com a recuperação do salário mínimo,
geração de emprego, ampliação de renda e políticas sociais”, declarou.
Macedo relembrou o desmonte do Consea no
governo anterior e sua reinstalação logo no início da gestão Lula, como um dos
primeiros atos do novo mandato. “Encontramos o Conselho clandestino. Mas o
presidente Lula, em um gesto de reconstrução democrática, o reinstalou. E hoje,
o Consea está mais forte, com credibilidade e capacidade de influenciar inclusive
na agenda climática da COP30”, disse.
A fome e o clima: o papel do Consea na COP30
A reunião também definiu que o Consea
participará do debate climático da COP30, que ocorrerá no Brasil em 2025.
Segundo Macedo, “a relação entre pobreza, fome e meio ambiente é histórica”, e
o Brasil, com sua experiência, pode contribuir significativamente para o debate
internacional.
Elisabetta Recine reforçou que “não há
enfrentamento da crise climática sem transformação dos sistemas alimentares”.
Para ela, o caminho passa pela agroecologia, pela produção local e por mercados
territoriais. “Sabemos o que precisa ser feito e temos capacidade para isso”,
completou.
Um sistema que funciona: integração é o segredo
O ministro do Desenvolvimento e Assistência
Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou que a conquista
reflete uma articulação coordenada entre 24 ministérios, sob a Câmara
Interministerial de Segurança Alimentar. “O Brasil venceu porque escolheu um
caminho. O presidente Lula priorizou a fome como o problema número um. E o povo
brasileiro o escolheu com essa missão”, declarou.
Dias lembrou que a meta inicial era retirar o
país do mapa da fome até 2026. “Alcançamos em 2024. Isso é resultado de ação
coletiva, de um governo democrático e de um povo organizado. Colocamos os
pobres no orçamento e enfrentamos as desigualdades com políticas públicas”,
disse.
“Não vamos deixar que roubem de novo essa
conquista”
O ex-presidente do Consea, Francisco Menezes,
celebrou a saída do país do mapa da fome como um “ato de soberania nacional” e
reforçou a importância de manter e ampliar as políticas públicas para evitar
retrocessos. “Essa conquista foi roubada do Brasil em um passado recente. Por
isso, perseverar nas políticas públicas é fundamental”, disse.
Menezes defendeu o protagonismo do Consea
também nas pautas internacionais e geopolíticas, especialmente diante do uso da
fome como instrumento de guerra em conflitos ao redor do mundo. “O Conselho tem
voz e precisa usá-la. Nossa experiência é exemplo para o mundo”, afirmou.
Avanços, mas ainda há desafios
Apesar do avanço, os números ainda revelam
desafios. Segundo dados apresentados por Recine, 7 milhões de brasileiros ainda
estão em situação de insegurança alimentar grave. Além disso, a inflação dos
alimentos continua sendo um obstáculo importante, especialmente para garantir o
acesso à alimentação saudável.
“Sabemos o que funciona. Precisamos ampliar a
produção de alimentos básicos, apoiar a agricultura familiar, fortalecer redes
de abastecimento e enfrentar desigualdades estruturais. Só assim consolidaremos
um Brasil realmente livre da fome”, finalizou a presidenta do Consea.
Fonte: Portal Vermelho
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