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02.07.2025 - Caminhada do Dois de Julho - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho. Salvador - BA Foto: Ricardo Stuckert / PR 02.07.2025 - Caminhada do Dois de Julho - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho. Salvador - BA Foto: Ricardo Stuckert / PR
03/07/2025

LULA ERGUE BANDEIRA DA JUSTIÇA TRIBUTÁRIA E COBRA CONGRESSO: TAXAÇÃO DOS SUPER-RICOS

Na Bahia, presidente defende taxação dos super-ricos, denuncia pressão do sistema financeiro e diz que só consegue governar recorrendo ao STF.

Por Cezar Xavier

Em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto que reajustava alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Diante da população nas ruas de Salvador, que celebrava os 202 anos da Independência da Bahia, Lula dobrou a aposta política: empunhou uma placa pedindo a “taxação dos super-ricos”, denunciou a força do lobby financeiro no Congresso e reafirmou a necessidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir governabilidade.

“Se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se eu não for à Suprema Corte… ou seja, eu não governo mais o país, cara. Cada macaco no seu galho. O Congresso legisla, eu governo.”

Lula responsabilizou diretamente Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) pelo “rompimento de um acordo” feito com o governo. Segundo ele, havia um entendimento firmado entre líderes e ministros na noite de um domingo, que foi desrespeitado dois dias depois, quando a pauta foi levada a voto e o decreto foi derrubado.

“Interesses de poucos prevaleceram”: Lula aponta golpe político e projeta 2026

Para o presidente, a queda do decreto do IOF representa mais que uma disputa fiscal — é uma ofensiva política, articulada por setores conservadores com foco nas eleições de 2026.

“O dado concreto é que os interesses de poucos prevaleceram dentro da Câmara e do Senado, o que eu acho um absurdo.”

Lula acusou a pressão das bets, fintechs e bancos de influenciar a derrubada de uma medida que, segundo ele, fazia parte do esforço por justiça tributária, equilíbrio fiscal e correção de distorções.

“Não podemos permitir que quem lucra milhões sem pagar imposto continue se beneficiando. Queremos que os bilionários, e não os trabalhadores, arquem com a conta.”

Foto com placa viraliza: “Mais justiça tributária e menos desigualdade”

Logo após a entrevista, Lula participou do cortejo do 2 de Julho, ladeado pela primeira-dama Janja Lula da Silva e pelo governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT). Durante o desfile, o presidente levantou uma placa pedindo a taxação dos super-ricos, sob aplausos da multidão. A foto foi publicada nas redes sociais oficiais da Presidência com a legenda:

“Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso.”

O gesto foi interpretado como uma resposta simbólica e direta ao Centrão, em meio ao embate institucional sobre o papel do Executivo na definição de políticas tributárias.

Lula nega ruptura com Congresso, mas promete cobrar líderes

Apesar do embate, Lula negou rompimento com o Congresso e afirmou que pretende conversar com Hugo Motta e Davi Alcolumbre após sua viagem à Argentina, onde participará da cúpula do Mercosul.

“Quando eu voltar, vou conversar tranquilamente com o Hugo Motta, com o Davi Alcolumbre, e vamos voltar à normalidade política.”

Mesmo assim, o presidente foi categórico ao afirmar que não aceita ser colocado de lado nas decisões de governo:

“Eles têm os direitos deles, eu tenho os meus. E se os dois não se entenderem, a Justiça resolve.”

Governo enfrenta Congresso fragmentado e mais autônomo

A crise exposta por Lula revela um novo equilíbrio de forças no Congresso, onde deputados e senadores atuam de forma cada vez mais independente — inclusive dos presidentes das Casas. O episódio do IOF expôs um Parlamento com maior autonomia individual, favorecido pelas emendas orçamentárias impositivas, o que dificulta articulações centralizadas do Executivo.

Apesar da promessa de diálogo, Lula sinalizou que não recuará de sua agenda de justiça fiscal. O embate com o Congresso, especialmente diante do crescimento da influência de setores financeiros, aponta para um conflito de longo prazo, com impacto direto na execução do arcabouço fiscal e no próprio rumo do governo.

“Se é pra escolher um lado, eu escolho o povo. E quem quer especular com o Brasil, que vá prestar contas à democracia.”

Fonte: Portal Vermelho

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