Informativo
AS MULHERES NÃO DIZEM “NÓS”?
“Apenas
reconhecendo as condições socioeconômicas que separam as mulheres e impedem
muitas delas de acessar direitos básicos é que podemos construir um feminismo
para todas”.
Por Ananda Beatriz Marques*
Esta segunda
década do século XXI, através da ampliação do acesso à internet, testemunhou a
disseminação de conteúdo “feminista” e a associação desta categoria a uma
perspectiva identitária. Os sentidos da palavra foram (e ainda são) objeto de
uma acirrada disputa, porém, feminista deixou de ser ofensa para muita gente. O
esteriótipo da feminista feia (e todos os estereótipos que esta ideia acarreta)
encontrou oposição no ideal da “feminista e feminina”, o que se verifica
principalmente na rápida captura de termos e ideias por parte da mídia e
marcas.
Em suma, nestes
últimos anos, a internet proporcionou às mulheres (talvez majoritariamente às
mais jovens, escolarizadas e de renda média) o acesso a discussões urgentes,
mas silenciadas ou desnomeadas. E isso tem um importante impacto geracional. É
preciso reconhecer, porém, que feminismo é esse que chega à maioria das
mulheres? Um feminismo insuficiente, que propõe supostamente igualdade, mas que
se resume a uma brecha para ascensão socioeconômica de uma parcela limitada de
mulheres. Esse feminismo que ignora as questões de raça e classe, que vende
soluções individuais para problemas coletivos, que faz vista grossa para o
papel do Estado na promoção dos direitos humanos das mulheres, esse feminismo é
a armadilha que engole o futuro.
É preciso
questionar as simplificações alardeadas por este feminismo midiático. Ele nos
faz crer que o passo primeiro de uma é muito, quando podemos sonhar alto e para
todas. Não apenas aborto legal e seguro, mas um sistema de saúde que garanta os
direitos sexuais e reprodutivos para todas e todos aqueles que precisam. Não
apenas salários iguais, mas salários dignos para todas e todos os
trabalhadores. Não apenas terceirizar os trabalhos domésticos e trabalhar fora,
mas reorganizar a divisão sexual do trabalho que desvaloriza e invisibiliza o
trabalho exercido por mulheres, seja ele remunerado ou não. Estes são apenas
alguns dos pontos de reflexão possíveis e imediatos.
Um importante
exercício mental que talvez sensibilize as mulheres que se sentem inspiradas
pelo feminismo individualista é o de pensar na sua própria genealogia. Quem são
as mulheres que te precederam? Sua mãe e tias, suas avós, bisavós, quem foram
essas mulheres? Elas puderam estudar? Até que nível educacional? Trabalhar
fora? Quantos filhos tiveram? Foram casadas? Puderam escolher? Contaram com a
colaboração dos pais de seus filhos nos cuidados das crianças? E nas tarefas
domésticas? Dispunham de pessoas que faziam o trabalho doméstico por elas?
Administraram o próprio dinheiro? Elas possuíam dinheiro ou propriedade? Elas
puderam dizer o que pensavam? Puderam pensar em voz alta? Estas são algumas
perguntas importantes na reconstrução de trajetórias das mulheres que te
precederam e as respostas podem te fazer refletir sobre como a condição de vida
que você, enquanto mulher, tem hoje, é resultado dos avanços proporcionados por
suas ancestrais. Portanto, você pode até estar convencida que o feminismo pode
ser uma prática individual, mas há de concordar comigo que a sua própria
história é permeada por esforços coletivos anteriores à sua existência.
Reconhecer-se
mulher neste mundo significa que a sua condição de mulher influenciou e
influencia a forma como você existe e em diferentes níveis, determinou o acesso
que você teve a certos recursos (educacionais, políticos, econômicos e
sociais). Ninguém existe mulher sem que isto signifique algo, nem mesmo as
mulheres mais privilegiadas, que não experienciaram quaisquer tipos de
violência, opressão ou limitação, escaparam da socialização feminina e seus
processos de adequação e domesticação (que variam, obvia e culturalmente, no
tempo e espaço).
O principal
desafio diante deste cenário talvez seja uma prática feminista efetivamente
solidária e para as mulheres que se encontram em lugar de privilégio isto
significa repensar discursos colonialistas e de salvação, aprofundar os debates
sobre direitos para além dos desejos individuais e utilizar os próprios
privilégios para colaborar com a luta coletiva. Apenas reconhecendo as condições
socioeconômicas que separam as mulheres e impedem muitas delas de acessar
direitos básicos é que podemos construir um feminismo para todas.
*Ananda Beatriz Marques é cientista política, professora
e feminista.
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