Informativo
AUMENTA DE 26% PARA 40% RISCO DE EVASÃO ESCOLAR EM UM ANO DE PANDEMIA
Por
Cezar Xavier
Segundo os pesquisadores da Rede de Pesquisa
Solidária, sem diretrizes para o ensino remoto e a volta às aulas, o governo
federal repete na educação a ineficiência de comando que ocorreu na área da
saúde. Foto: August de Richelieu/Pexels CC
Quatro em cada dez alunos da educação básica
na rede pública de ensino correm risco de abandonar a escola por causa da
pandemia do novo coronavírus. Isso é o que mostrou um estudo feito com pais e
responsáveis de estudantes da rede pública e encomendado pela Fundação Lemann,
o Itaú Social e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ao Datafolha.
“O efeito de longo prazo da covid-19 no
Brasil será na educação. Uma geração inteira ficará profundamente marcada pela
pandemia e o Brasil precisará de múltiplas ações para superar as perdas de
aprendizagem. Isso deve ser prioridade para o país”, disse Denis Mizne, diretor
executivo da Fundação Lemann.
Segundo a pesquisa, o percentual de
estudantes que não estão motivados com as aulas, que não estão evoluindo nos
estudos ou que manifestaram a possibilidade de desistir da escola cresceu este
ano, passando de 26% em maio do ano passado para 40% em maio deste ano.
A pesquisa ainda reforça o baixo e desigual acesso
ao ensino remoto ou híbrido, com, por exemplo, oferta de plataformas
educacionais. O cenário geral tem forte relação com a ausência de uma política
federal do governo Jair Bolsonaro para a educação básica na pandemia, sobretudo
com foco no combate a desigualdades, na garantia de conectividade e na
estruturação para uma oferta educacional remota.
Mizne cita a necessidade de trazer alunos
evadidos de volta à escola, acolhimento emocional para alunos e professores no
retorno, ampliação do tempo de aula, atenção na transição para o 6º ano (quando
já há forte abandono) e um programa econômico de apoio para alunos do ensino
médio.
Esse problema é ainda maior para os
estudantes negros: 43% deles manifestaram o desejo de abandonar a escola. Entre
os brancos, o percentual foi de 35%.
O número também é maior para aqueles
estudantes de famílias com renda mensal de até um salário-mínimo (48%) e para
os que vivem em áreas rurais (51%). O risco cresce também entre os estudantes
que vivem no Nordeste: 50% dos estudantes dessa região manifestaram falta de
motivação ou intenção de deixar a escola. Na região Sul, isso corresponde a
31%.
“Há um ano, Nordeste e Norte estavam muito
atrás em relação ao outras regiões em termos de oferta de algum tipo de
atividade remota e, agora, chegam a índices muito próximos do resto do país”,
diz Patricia Mota Guedes, do Itaú Social.
ALFABETIZAÇÃO
A pesquisa demonstrou ainda o impacto da
pandemia na alfabetização das crianças. De acordo com os pais e responsáveis
entrevistados no estudo, 88% dos estudantes matriculados no 1º, 2 º e 3 º ano
do ensino fundamental estão em processo de alfabetização. Desse total, mais da
metade (51%) das crianças ficou no mesmo estágio de aprendizado, ou seja, não
aprendeu nada de novo (29%), ou desaprendeu o que já sabia (22%).
Entre os brancos, 57% teriam aprendido coisas
novas durante a pandemia segundo a percepção dos responsáveis. Entre os negros,
no entanto, esse índice cai para 41%.
AULA
PRESENCIAL
Segundo os pais e responsáveis entrevistados
para o estudo, apenas 24% dos estudantes tiveram as escolas reabertas para
aulas presenciais. Dos que tiveram a escola reaberta, 40% dos estudantes não
retornaram para a aula presencial. Os dados mostram que há insegurança entre as
famílias para o retorno. Quatro em cada dez estudantes que tiveram à disposição
escolas reabertas, mesmo que parcialmente, não foram às unidades. O medo da
pandemia aparece como a principal motivação.
A proporção de alunos pobres que tiveram a
oportunidade de retornar as aulas (16%), mesmo que parcialmente, é menor que a
metade da registrada entre alunos com maior renda (38%). É maior a proporção de
negros e mulheres entre as famílias com alta vulnerabilidade, com menor acesso
ao retorno, revelando assim o perfil dos maiores atingidos.
No retorno às escolas, 63% dos estudantes
estão sendo avaliados para identificar as suas dificuldades, mas só 29% estão
recebendo aulas de reforço. Há expectativa entre entidades representativas de
profissionais de educação que com o avanço da vacinação, os professores podem
voltar às salas de aula em agosto.
Para 86% dos pais e responsáveis, o
desempenho escolar dos seus filhos antes da pandemia era ótimo ou bom e, agora,
esse índice caiu para 59%. Esse baixo desempenho escolar é a principal
preocupação dos responsáveis por crianças que não estão em processo de
alfabetização.
As escolas começaram a fechar em março de
2020 e avançou o ano letivo com apostas no ensino remoto, prejudicado por
problemas de conectividade e infraestrutura. A ventilação de salas é considerada
inadequada em mais da metade das redes estaduais e municipais do país.
A pesquisa quantitativa foi realizada entre
os dias 22 de abril e 21 de maio de 2021, com abordagem telefônica, com
responsáveis por crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos da rede
pública, em todas as regiões do país.
Fonte:
Portal Vermelho
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