Informativo
APÓS UM ANO DE PANDEMIA, SERÁ DIFÍCIL CONTER COLAPSO DA SAÚDE NO PAÍS
Por Cezar Xavier
Foi num dia 26 de
fevereiro que se registrou o primeiro doente de covid-19 no Brasil. Um ano
depois, são 10.390.461 diagnosticados com o novo coronavírus e 251.498 mortos,
sendo que os últimos dois meses testemunharam uma aceleração de contágios e
mortes maior que todo o ano de 2020.
Para
analisar esse quadro aterrador, o portal Vermelho entrevistou
o infectologista Marcos Boulos, que se mostrou pessimista com as próximas
semanas da pandemia. Para ele, o quadro só tende a se agravar, pois não há
muito a fazer para diminuir a circulação do vírus. “Só se todo mundo ficasse
dentro de casa. Mas o que vemos é que a população já assumiu a premissa de não
fazer nada para evitar o contágio. Há um clima de retomada de atividades
produtivas num momento de agravamento enorme da pandemia”, lamentou.
Considerando
isso, para ele, o colapso do sistema de saúde, aos moldes do que ocorreu em
Manaus, é certo. Ele avalia que Manaus foi a cidade que menos seguiu protocolos
de distanciamento social e “ainda preconiza tratamento precoce totalmente
ineficaz contra a doença”. “Agora, resta saber qual cidade vai entrar no caos
primeiro. O ABC paulista já está colapsando e Campinas também aponta para
isso”, observou. Boulos percebe que há cada vez menos distanciamento social,
uso de máscara e higienização.
Mas o médico e
consultor do governo paulista também apresenta fatores novos que tornam o
contágio pior que na primeira onda da pandemia. “Há o surgimento de novas cepas
com disseminação muito maior que antes”, admite.
Ele
também inclui as condições hospitalares piores que no início da pandemia. “O
começo da pandemia uniu o país para enfrentar a doença. Agora, no retorno do
alto contágio, não temos mais as condições hospitalares que tínhamos antes, já
que hospitais de campanha foram desmontados e o leitos foram reocupados por
outras patologias”, justifica. Esta diminuição de leitos para covid-19 ocorre
no momento mais intenso de contágio e agravamento da doença.
O
infectologista não flexibiliza sua opinião sobre a necessidade de medidas
rigorosas para evitar um colapso cada vez pior do sistema de saúde, com
aceleração desenfreada de mortes. Os governos são pressionados pelos mais
diversos setores econômicos para não instaurar lockdown. Restaurantes dizem que
implementam protocolos sanitários, mas têm que fechar, enquanto festas
clandestinas se espalham pelas cidades.
“Restaurantes e bares nem deviam estar funcionando, pois dados internacionais
mostram que estes foram os ambientes onde mais houve contágio. As pessoas não
usam máscara para comer ou beber num lugar desses”, sentenciou. Ele também diz
que as festas clandestinas são um problema sério para o poder público, que tem
dificuldade para coibí-las. “Precisa prender as pessoas que participam disso”,
defende ele.
Diante
da dificuldade de impor lockdown, os governos apontam para toques de recolher à
noite para evitar as festas e aglomerações de jovens. Isso ajuda? “Tudo que
puder fazer para diminuir a circulação de pessoas ajuda, mas é insuficiente.
Precisa arrochar mais que isso”, reafirmou.
Podia
ser melhor? Podia ser pior? Sim para os dois. “Se houvesse decisão centralizada
no governo federal, dando orientações de controle padronizadas dizendo tudo que
se pode ser feito para impedir a circulação do vírus, tendo testes suficientes
e ampla vacinação, a doença teria tido menos impacto”, supôs. “Mas podia ser
pior se não fosse feito nada para garantir o distanciamento social, o uso de
máscara. Estaríamos no caos total!” completou.
DEVAGAR, QUASE
PARANDO
Boulos
também analisou a lentidão da vacinação no Brasil. Se por um lado, a novidade
da doença e da vacina trazem o desafio de garantir fabricação de 14 bilhões de
doses, algo que ele considera improvável, por outro, o Brasil demorou muito
para entrar na competição internacional pelos imunizantes.
“Vai
demorar muito tempo para haver vacina suficiente para o mundo todo, mas o
Brasil fez apenas duas parcerias com farmacêuticas, por meio da Coronavac do
Butantan e da Oxford/Astrazenica da Fiocruz. Teria que comprar mais opções de
vacinas, como a Sputinik V, a vacina da Pfizer, da Moderna, entre outras
disponíveis”, criticou.
Para o médico, a
parte social deveria ser considerada na prioridade para vacinação. Ele
repercutiu estudo geoterritorial que mostra as periferias pobres das cidades
mais vulneráveis ao contágio, portanto prioritárias para a imunização. “Há uma
compreensão de que a vacina não impede totalmente o contágio, mas evita
agravamento e risco de morte, por isso, a prioridade para profissionais de
saúde e idosos. Por outro lado, a exposição dos trabalhadores, jovens e idosos
da periferia é muito maior, provocando essa fragilidade social. Por isso, é
menos indicada a vacinação em empresas privadas, que podem garantir o
distanciamento social e quarentena de seus profissionais”, defendeu.
Boulos
também comentou o estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP, que analisou
normativas do governo federal sobre a pandemia. Os pesquisadores demonstraram
que havia uma estratégia deliberada do governo de promover a imunidade coletiva
no Brasil, que foi frustrada pelo Poder Legislativo, pelo Poder Judiciário e
pelos governos locais.
“A
imunidade coletiva só faz sentido para um governo louco, que quer fazer morrer
mais gente”, declarou. Ele comparou os 30 milhões de mortos durante a gripe
espanhola, no início do século XX, quando não havia vacina, nem medidas
sanitárias e a população era dez vezes menor. “Imagina deixar 212 milhões de
pessoas se contaminarem! Um por cento de letalidade significaria mais de 2
milhões de mortos em poucos meses. Realmente, a pandemia acabaria mais cedo,
mas a que custo?”, questionou. Ele ainda mencionou o exemplo chinês, com seus
1,4 bilhões de habitantes, não tomando as providências que tomou para evitar o
contágio generalizado.
Fonte: Portal Vermelho
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