Informativo
COM BOLSONARO, BRASIL SE CONTENTA EM PRODUZIR MATÉRIAS-PRIMAS
A produção industrial brasileira caiu 1,1% em
2019, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
divulgados terça-feira (4). Embora pareça pequeno, o índice é muito
representativo para o setor. “A queda não é pouca, porque ela já vem em cima de
uma base muito ruim”, explica o economista Fernando Sarti, do Núcleo de
Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp
Segundo Fernando, “a indústria vem perdendo
espaço há muito tempo. Portanto, uma queda em cima de queda é muito negativa –
uma péssima sinalização contra a indústria brasileira. Isso reflete uma perda
importante de competitividade para vários fatores”.
Na opinião da economista Juliane Furno, o
encolhimento na indústria não é ocasional. “A queda reafirma uma opção que o
Brasil tem feito que é de avançar no processo de desindustrialização. Desde o
impeachment da presidenta Dilma, o Brasil não tem exercido nenhuma política
industrial.”
Outro destaque nos dados do IBGE são as
quedas mais acentuadas da produção de bens intermediários e de bens de capital.
São chamados bens intermediários as matérias-primas empregadas na produção de
outros bens ou produtos finais. Para Sarti, o recuo se deve a um favorecimento
do capital estrangeiro em detrimento da indústria nacional. “Com a economia
cada vez mais aberta e com a presença de um número cada vez maior de empresas
estrangeiras, o Brasil tem ampliado de forma bastante significativa o
coeficiente de importação e o conteúdo importado também dentro da produção
nacional.”
Já para Furno, a tendência é que as
indústrias de matéria-prima voltarem a ser o foco do país, em detrimento do
setor de bens de capital. Esse setor é responsável pela produção de
mercadorias, máquinas e equipamentos mais caros e com maior complexidade
tecnológica.
“O recuo do setor de bens de capital
significa que a gente está desindustrializando a economia, perdendo o setor
nacional que fornece o maquinário para a atividade industrial. Sem esse setor
desenvolvido, a gente importa essas máquinas e equipamentos. Para importar,
pagando em dólares, a gente compromete grande parte das divisas da moeda
estrangeira brasileira – o que tem um custo de arrecadação para o Estado”,
analisa Furno.
A especialista indica que o Brasil está se
encaminhando para voltar a ser um país de indústria de matéria-prima e um
importador de bens tecnológicos de alto valor. “O que está se apontando para
atividade industrial é, mais uma vez, uma concentração no setor primário
exportador, que tem menor valor adicionado, tem menos trabalho, menos conteúdo
tecnológico”, ressalta.
Reação em cadeia
Para especialistas ouvidos pelo Brasil de
Fato, não há perspectiva de melhora na indústria brasileira, devido à ausência
de uma política industrial do governo de Jair Bolsonaro e à falta de
investimentos em tecnologia. Segundo Furno, o setor industrial é estruturante e
garante uma cadeia de geração de empregos, uma vez que a indústria é a área que
mais gera o que os economistas chamam de “sinergia ou externalidade”.
“Se você gera, por exemplo, emprego no setor
de serviços ou melhora o setor de serviços, isso não necessariamente vai ter um
efeito de se espalhar para a economia como um todo. É diferente do industrial”,
aponta a especialista. “Um emprego gerado nesse setor gera vários empregos
indiretos no setor de serviços e no comércio, faz demanda por matérias-primas,
que faz demanda para indústria extrativista. O efeito multiplicador econômico
está muito ligado à indústria. Não existe até hoje nenhum exemplo de um país
que tenha se desenvolvido, superado o subdesenvolvimento, sem ter apostado na
indústria.”
Fernando Sarti reforça a reação em cadeia que
o decréscimo na produção industrial brasileira acarreta. “Cada vez mais, a
economia vem passando por esse processo, não apenas de estagnação e baixo
crescimento, mas gerando problema com emprego, com precarização do trabalho,
afetando o poder aquisitivo da sociedade, sobretudo, na faixa menos favorecida.
Com, isso você não estimula o consumo de uma forma virtuosa”, conclui.
Fonte:
Portal Vermelho, com informações do Brasil de Fato
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